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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Brasileiro compra mais livros sobre religião.


O aumento do poder de compra da classe C e o crescimento da população evangélica, que soma mais de 40 milhões de brasileiros, impulsionam as vendas de livros religiosos - segmento editorial que mais cresce no país. Apenas o mercado de livros cristãos estima ter faturado R$ 479 milhões em 2011, de acordo com a Associação de Editores Cristãos (Asec). Para 2012, a projeção é chegar a R$ 548 milhões, um crescimento de 14,4%.

Em 2010, a categoria de livros religiosos foi responsável por 14,7% do faturamento total do mercado, segundo pesquisa da Câmara Brasileira do Livro/Fipe. Esse ramo do mercado passa por transformações, que incluem a entrada de novas editoras, parcerias com grupos internacionais e a investida de empresas seculares.

Em outubro de 2011, a Novo Século criou a editora Ágape, voltada para o segmento. Em dezembro, a empresa adquiriu alguns títulos e a utilização da marca da editora Naós (com 16 anos de atuação). Atualmente conta com um catálogo de 200 títulos.

Ágape" é também o título do livro do padre Marcelo Rossi, lançado pela Globo Livros em agosto de 2010. A obra se tornou o maior best-seller do Brasil em 2011. Mais de 7,2 milhões de cópias foram comercializadas desde seu lançamento. A Globo Livros fechou contrato com a portuguesa Porto Editora, que levará o livro ao mercado europeu neste ano.

Há cinco anos, a Thomas Nelson Publishers, gigante americana do mercado editorial cristão, fez uma joint venture com a Ediouro, formando a Thomas Nelson Brasil. De acordo com Sinval Filho, coordenador executivo da Asec, há diversas outras associações com empresas internacionais em curso. "Empresas não só dos Estados Unidos, mas da Europa, da África e da Ásia têm olhado para o Brasil", diz.

Para Sinval Filho, essa tendência vai se aprofundar nos próximos anos. "A entrada de grandes editoras é importante para ampliar o nosso mercado", diz Renato Fleischner, diretor de operações da editora Mundo Cristão. O tamanho do público no Brasil é um chamariz. "Para algumas editoras, o Brasil representa metade de seus contratos internacionais", diz Sinval Filho. O país é o segundo no mundo em população cristã.

A distribuição é deficiente, diz Sinval Filho. São 1,5 mil pontos de venda evangélicos. Das cerca de 400 mil igrejas evangélicas no país, apenas cem são pontos de venda de livros. O coordenador da Asec avalia que, mesmo se a população de evangélicos ficasse estagnada no patamar atual, já seria um desafio atendê-la - e ela cresce em torno de 7% ao ano.

Nesse segmento evangélico, aumenta a variedade de produtos de maior valor agregado, como diferentes edições de bíblias. Apenas as editoras associadas à Asec vendem 11 milhões de exemplares de bíblia ao ano, que representam 65% de todos os livros comprados por esse público.

Com o lançamento de três novas bíblias em 2012, a editora Mundo Cristão, que faturou R$ 25 milhões em 2011, espera crescer 15%. "Nos últimos cinco anos, crescemos quatro vezes e meia", diz Fleischner. "Nossa linha atende além de evangélicos". O carro-chefe é a bíblia, seguida por livros de oração da americana Stormie Omartian, mas livros infantis e obras que tratam de relacionamento também integram o catálogo.

Em junho, a Mundo Cristão adquiriu, em Portugal, a editora SmartBook, com foco em literatura de negócios. A partir de agora, a empresa terá edições em português lusitano. O catálogo de livros eletrônicos da companhia também vai crescer, de 25 para cem obras, até o fim do ano. O catálogo ativo da editora é de 250 títulos. Até 2013, serão 400.

Na editora Sextante, cerca de um quarto do que já foi publicado até hoje é de livros de cunho espiritual, de acordo com o sócio Tomás Pereira. "Quase todos os nosso grandes sucessos têm alguma questão espiritual", diz. Muitos sucessos da Sextante misturam temas religiosos com autoajuda, como os livros de Augusto Cury, e com ficção como "O Monge e o Executivo" e "A Cabana".

Fonte: Valor Econômico

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